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Fake Weather News

As fake news estão na ordem do dia, mais do que nunca, e tem-se vindo a dar bastante ênfase à presença das fake news na sociedade, seja com o objectivo de (apenas) enganar a população sobre um certo assunto, seja para receber likes e visualizações que, posteriormente, geram fama e até dinheiro a quem está por trás dessas falsas notícias.

No nosso campo de acção não é diferente, e este é um assunto sobre o qual a VOST Portugal se tem debruçado. Um exemplo desta nossa preocupação é a proposta que foi apresentada para a validação das informações que são partilhadas nas redes sociais em situações de emergência, tal como foi descrito no nosso artigo UNTOVAS.

Recentemente temos vindo a assistir, tanto nas redes sociais como nos órgãos de comunicação social, a uma disseminação de previsões meteorológicas falsas, resultando depois em alertas meteorológicos falsos. Qual a razão disto? Das duas, uma: ou a busca incessante pelos likes, partilhas, visualizações, etc. através de notícias falsas e sensacionalistas; ou a falta de informação por parte de quem cria estes conteúdos falsos, não se preocupando em avaliar a veracidade das informações que estão a partilhar. Para além, disso continuamos a ter manchetes que puxam sempre pelo lado mais alarmista da informação, muitas vezes exagerada: “O pior inverno do século”, “Onda de frio polar ártico invade o país”, “Calor infernal vai parar o país”. Todos já as lemos, mas muito poucos procuram perceber de onde vem essa informação e se tem alguma sustentação científica. Normalmente, não tem.

Um caso específico que aconteceu recentemente, no passado dia 29 de Novembro de 2018, foi uma página de meteorologia amadora ter publicado um mapa com alguns avisos meteorológicos não oficiais que iam contra os avisos e as previsões meteorológicas oficiais do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Neste caso específico, o mapa publicado colocava alguns locais do interior Norte sob aviso vermelho de vento devido à (suposta) previsão de rajadas de vento acima de 100km/h. Nesse mapa também era possível observar que boa parte do território de Portugal Continental estava debaixo de aviso amarelo devido à possibilidade de ocorrência de trovoadas.

Ambas as previsões (vento > 100km/h e trovoada) eram refutadas pelas previsões oficiais do IPMA, uma vez que o órgão oficial de meteorologia de Portugal não previa rajadas de vento superiores a 65km/h (80km/h nas terras altas) nem afirmava existirem condições à ocorrência de trovoada.

Não foram registadas rajadas de vento acima dos 67km/h e não ocorreu trovoada.

Normalmente estes mapas de avisos não oficiais são gerados de forma automática através de algoritmos que trabalham os dados recebidos por modelos meteorológicos, e emitem avisos caso o modelo meteorológico preveja uma situação de risco para um determinado local. Prometemos desde já redigir um artigo exclusivamente dedicado a esta questão dos modelos meteorológicos, para se perceber melhor o que está em causa quando falamos deste tema.

É muito importante enaltecer que só os órgãos oficiais podem lançar avisos meteorológicos e estados de alertas à população sobre os riscos que podem advir das condições previstas, sendo neste caso o IPMA e a ANPC. Nenhuma outra organização tem autoridade para emitir avisos e/ou alertas, e o uso das palavras “Aviso Meteorológico” e “Alerta à População” só podem vir do IPMA e da ANPC (ou serviços municipais de proteção civil), respectivamente.

Outro caso, mas dentro da mesma situação meteorológica, foi a forma como a comunicação social interpretou o aviso feito pela Autoridade Nacional de Protecção Civil: No início deste comunicado, podia ler-se “prevê-se nas próximas 48 horas o agravamento das condições meteorológicas, com precipitação persistente e por vezes forte, instabilidade atmosférica (trovoada) e agitação marítima na costa ocidental.”. Apesar de logo a seguir estar escrito que no dia 30 se previam apenas aguaceiros fracos, a comunicação social começou logo a partilhar de forma errada que nas 48 horas seguintes a este comunicado existiam possibilidades de inundações e quedas de árvores, quando este risco se resumia apenas ao dia 29 (quinta-feira).

Activação VOSTPT #StopRumores

Ainda dentro desta mesma situação meteorológica, uma estação de televisão nas três primeiras horas de manhã do seu telejornal, anunciava ventos de 105km/h para o território nacional. A VOST Portugal, sabendo que a informação não estava correcta primeiro contactou o IPMA, confirmou que a informação estava errada, e contactou a estação de televisão em questão ao mesmo tempo que usou as suas redes sociais para esclarecer a população. A estação de televisão corrigiu a informação para a informação correcta, no seus próximos blocos informativos.

CONCLUSÃO

As consequências de espalhar informação meteorológica errada tem consequências reais: cancelamento de actividades quer profissionais quer recreativas, e um problema de “Pedro e Lobo” em que a população se torna imune a certas informações porque acabam sempre por não acontecer como anunciado.
Todos nós podemos fazer parte do processo de não deixar estas informações se disseminarem, começando sempre por verificar se a informação que nos está a ser dada é igual à que consta do site do IPMA.
No entanto, também as autoridades têm um papel importante aqui, que não podemos esquecer, para criar um capital de confiança com as populações.

As notícias falsas estão por todo o lado, e todos nós temos de ter a audácia de verificar se as informações são verdadeiras ou falsas, especialmente quando são partilhadas por órgãos não oficiais, como aconteceu no primeiro caso que foi descrito. A ânsia de ganhar fama é algo muito presente nos tempos que correm, sobretudo no mundo digital. Infelizmente muitos são os casos em que quem busca incessantemente por ver o seu nome ou a sua página na ribalta faz uso e abuso de notícias alarmistas, sensacionalistas, e na sua maioria, falsas.

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