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LESLIE

Se com Monchique sentiu-se a necessidade, com o Leslie o impacto público foi digno de um furacão. Passado exatamente um ano de uma tragédia, a zona centro do país apanha com o furacão Leslie e notou-se, claramente, que a Proteção Civil tinha lacunas na comunicação com a população. Na primeira ativação da conta Twitter da VOSTPT, os números de seguidores e visualizações mostraram a importância da estrutura.

Como referem órgãos de comunicação social, os voluntários VOST “estiveram a tweetar toda a noite para informar os portugueses” e mais do que digitais, conseguimos ter Impacto real na colaboração com a população, seja em termos virtuais, como a coordenação de esforços com a conta da GNR no Twitter, e via o nosso sistema de gestão de informação em backoffice, para dar seguimento operacional a avisos mas igualmente no terreno, com o envio de um voluntário para responder a uma situação específica no local e contacto com as autoridades para resolver outros casos.

Com o Leslie, tudo explodiu: no Twitter, crescemos de 400 para 4000 seguidores no espaço de uma semana e no fim de semana do Leslie, a conta Twitter obtinha 1.8 milhões de visualizações. A descrição de tudo o que se passou naqueles dias está narrada pelo Marco Maia da seguinte forma:

“Foi, ainda em Outubro, já as folhas caíam e não existia até ali o conceito de VOST em Portugal, que o País foi apanhado com as calças na mão, com um quase furacão a entrar terra a dentro!  Inicialmente atingiria o  arquipélago da Madeira, depois a região do Algarve, e depois o pânico: “O landfall iria ocorrer na capital!!!“, desta pequena mas solarenga nação. Nada mais errado. Já de quinta para sexta-feira, quais velhos do Restelo, mas ao contrário, tínhamos uma certeza: O Leslie ia ser grave, e não seria grave para os lados de Lisboa. Seria sim, para o centro, para ser mais exacto, na Figueira da Foz e áreas circundantes.

A partir da noite de dia 12 de Outubro acompanhámos o Leslie minuto a minuto, e vimos o nosso número de seguidores crescer de 400 para mais de 4000, em menos de 12 horas. No aspecto de acompanhamento meteorológico, demos o nosso melhor para mantermos a qualidade e desenvoltura na actualização das condições meteorológicas tanto via análises que produzimos, ou através de comunicados oficiais da entidade que segue este tipo de acontecimentos meteorológicos no Atlantico Norte, a National Hurricane Center em Miami, EUA. Este acompanhamento, ou seguimento meteorológico, foi sendo realizado desde as primeiras horas. Em termos práticos, fomos publicando cartas meteorológicas ou imagens de satélite, não esquecendo nem retirando da equação as imagens de radar do IPMA, que mostrariam a tempestade já a progredir para o território continental (e que se revelam sempre uma excelente ferramenta de Nowcasting) Juntaram-se a nós mais pessoas para nos ajudar com a recolha e validação de informação, e pouco dormimos, num sistema de turnos não organizados. No entretanto o furacão Leslie passaria a uma tempestade pós-tropical, e a nossa equipa cresceu para seis elementos.

Enquanto as previsões oficiais apontavam, primeiro para a possibilidade do Leslie falhar por completo o território nacional, e depois para o landfall ser entre Sines e Lisboa, os nossos meteorologistas amadores viam e reviam modelos, e no dia 13 de Outubro de 2018 às 13:29h, avançámos com esta informação:

Umas horas mais tarde ficou claro que para nós que a zona da Figueira da Foz seria a mais fustigada pela, agora, tempestade Leslie, e informámos os que nos seguiam disso mesmo:

Pelo meio tentámos usar o humor para informar as pessoas da gravidade do fenómeno meteorológico adverso (FMA) que nos esperava, mas sempre com toda a responsabilidade que impomos sempre a nós próprios. A partir do momento em que ficou claro, para todos, que o landfall iria atingir a zona centro do país, a nossa missão desdobrou-se em duas: a identificação de situações de modo a passar essa informação às autoridades e entidades com responsabilidades no terreno, e a continuar a acompanhar a evolução da tempestade de modo a informar os nossos seguidores do trajecto previsto para a mesma. O método usado foi o mesmo que tínhamos usado em Monchique mas desta vez a contar com a informação vinda de muitas mais pessoas no terreno, alguns dos quais se tornaram nossos voluntários após esta activação.

Podemos afirmar que o Leslie foi a nossa prova de fogo e os resultados falam por si: Mais de 1.800.000 visualizações do nosso perfil durante aqueles dias, a inclusão da informação que fomos recolhendo nos principais canais noticiosos, e o crescimento exponencial no número de seguidores no Twitter. Mais do que números o facto de podermos ter ajudado algumas pessoas a terem notícias dos seus familiares, e o de termos adquirido o nível de credibilidade suficiente para entidades como a GNR contarem connosco como parceiros durante este evento que assolou o nosso país, foi para nós a prova de que estávamos a fazer bem aquilo a que nos tínhamos proposto:

Recolher informação, validar, informar, e ajudar.

No final desta ativação fomos convidados a fazer parte da rede VOST Europe

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